segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Tecnologia de satélite permite medir melhor energia solar, dizem cientistas


 Novos dados sobre irradiação solar foram obtidos com nova calibragem.

Meta é saber como flutuações de energia no Sol afetam o clima na Terra.
Cientistas norte-americanos descobriram que a tecnologia de instrumentos em satélites pode ser determinante para medir com precisão a energia que o Sol envia à Terra, garantindo que o conhecimento que pode ajudar na compreensão das mudanças climáticas no planeta. As afirmações foram feitas na publicação científica "Geophysical Research Letters".
Greg Kopp, do Laboratório de Física Atmosféricas e Espacial (Lasp, na sigla em inglês), espaço ligado à Universidade de Colorado em Boulder, e Judith Lean, do Laboratório de Pesquisas Navais dos Estados Unidos, mediram o nível total da irradiação solar e descobriram valores menores que os registrados em 32 anos de monitoramento.
Segundo os pesquisadores, esse achado levará satélites novos a trabalharem melhor para resolver a questão sobre se as flutuações solares afetam ou não o aumento médio na temperatura da Terra.
Durante estudos sobre a estrela, os pesquisadores notaram que o instrumento utilizado havia recebido recentemente um novo design óptico e calibragem, o que melhorou a precisão das medições. Esta ferramenta é o Monitor de Irradiação Total (TIM, na sigla em inglês), atualmente a bordo da nave Sorce (Solar Radiation and Climate Experiment ou Experimento sobre Radiação e Clima Solares, em tradução livre), na agência espacial norte-americana (Nasa).
A calibragem mais apurada do TIM, feita em solo terrestre pela equipe do Lasp, foi o que gerou medições mais precisas da energia solar dissipada na comparação com a calibragem anterior, oferecida pelo Instituto de Padrões e Tecnologia norte-americano (NIST, na sigla em inglês), agência federal responsável por estabelecer medidas e padrões à indústria nos Estados Unidos.
Uma das vantagens da pesquisa de Kopp e Lean é o auxílio à comunidade científica voltada ao estudo do clima para saber quais são as causas naturais e as humanas para o aquecimento global.
Durante um ciclo solar, período de referência para medir a atividade do astro e que dura 11 anos, Lean acredita que as variações na estrela sejam responsáveis por um aumento de 0,1 grau Celsius na temperatura global. Ela conclui que a influência do Sol não foi determinante como principal causa do aquecimento na Terra, pelo menos nas últimas três décadas.

http://gaea-habitat.blogspot.com/ - 16.01,11 - 16:42

China anuncia corte em emissão de poluentes para 2011


País pretende diminuir em 1,5% volume de poluição em relação a 2010.

Autoridade disse que projeto em desacordo com ambiente será suspenso.
Autoridades chinesas disseram nesta sexta-feira (14) que pretendem abaixar em 1,5% a emissão de poluentes no país em 2011, em relação ao ano passado, por meio do bloqueio de projetos de construção que produzem resíduos demais.
A alternativa, segundo o ministério de meio ambiente do país, será desenvolver novas tecnologias que inibam a emissão de gases poluentes. O ministério de Proteção Ambiental da China anunciou em nota oficial que a redução em 2011 deverá se concentrar em poluentes como o dióxido de enxofre, nitrogênio amoniacal e o monóxido de nitrogênio.
Segundo o ministro do órgão, Zhou Shengxian, a construção de projetos que não se adequarem a novos padrões ambientais não será aprovada ou será suspensa. O desafio deverá ser complexo, uma vez que aumenta a emissão de poluentes da China a medida que o país se urbaniza.
O desenvolvimento de tecnologias para diminuir os efeitos da poluição, como a criação de estações de reciclagem e de tratamento de esgoto, também está em andamento, de acordo com Zhou. O ministério também pretende elaborar medidas que removam os componentes poluidores de materiais usados na construção, mas ainda não se sabe se isso será apresentado em 2011.
A nota do ministério ainda afirmou que o país se esforçará mais para controlar a emissão de gases de veículos e de indústrias com alta poluição, como a têxtil, de couro e de produção de papel.

Paulista levava 47 filhotes de ave do Pará para SP



Comerciante foi descoberto em fiscalização da Polícia Rodoviária Federal. De acordo com Ibama, aves tinham menos de quatro semanas de vida.

O Ibama apreendeu nesta quinta-feira (13) 47 filhotes de araras, ararajubas e papagaios durante fiscalização na Rodovia Transamazônica em Marabá, no Pará. Os animais estavam com um comerciante paulista que tentava levar os pássaros para São Paulo em um carro alugado.
O crime ambiental foi descoberto em fiscalização da Polícia Rodoviária Federal, que acionou o Ibama. O órgão aplicou uma multa de R$ 235 mil ao comerciante, que já foi detido outras três vezes por praticar crime ambiental.
As aves tinha menos de quatro semanas de vida, segundo o Ibama, e estavam em uma caixa de madeira no banco traseiro do carro. Muito novos, os filhotes ainda não tinham penas e dois foram encontrados mortos pelo Ibama.
De acordo com o órgão ambiental, os animais foram avaliados por veterinários na Fundação Zoobotânica de Marabá e serão transferidos para o zoológico de Carajás.

domingo, 16 de janeiro de 2011

A GRAMÁTICA SOCIAL DA TRAGÉDIA



Edmilson Lopes Júnior
De Natal (RN)

Câmeras de TVs capturaram os diversos ângulos da tragédia que se abateu sobre a região serrana do Rio de Janeiro. As imagens do alto e de baixo mostravam cenas de destruição e pessoas desesperadas. Casas, vidas e projetos de futuro arrastados montanha abaixo pelas chuvas de janeiro. Chuvas que desde o final de semana passado traziam dor e sofrimento aos moradores mais pobres de municípios da Grande São Paulo.
As esperadas tragédias de janeiro, neste ano, ganharam uma dimensão diferente. Não ficaram circunscritas aos lugares distantes, lá nas periferias onde pobres constroem suas precárias habitações em várzeas e margens de rios. As águas derrubaram casas luxuosas em cenários nos quais se desenvolve uma indústria turística requintada, destinada ao consumo conspícuo da burguesia e da classe média alta. A lama que varreu do mapa as casas mais vulneráveis, mas também adentrou as pousadas e hotéis de luxo da região serrana fluminense. Às mortes dos que, destituídos de identidade, tornam-se números nas estatísticas oficiais, somaram-se àquelas de pessoas com nome, sobrenome e vinculação com empresas e instituições que formatam o poder no país.
Por um momento, na inenarrável dor da perda, parecemos mais próximos. O bolo amargo que teima em não descer pela garganta de cada um de nós, cada vez que revemos as cenas de destruição, pareceu germinar uma solidariedade para além das classes sociais. E isso não seria pouco em um país no qual, normalmente, como aponta-nos o sociólogo Jessé Sousa, o valor da vida humana é maior ou menor dependendo do estrato social a que o indivíduo pertence.
Mas foi só um momento. Quinta, de manhã, bem cedo, as rádios já reproduziam os discursos de especialistas ou de atores e artistas metamorfoseados em doutos geólogos a reclamar da "falta de educação" da patuléia. Essa "gente sem educação que joga garrafa pet no leito dos rios". Comparações com o Japão foram feitas. E cobranças aos governos. Estes, sempre tomados por corruptos, não fariam o dever de casa: remover o povo das encostas e retirar os habitantes das várzeas. Nas TVs, a mesma cantilena, ao vivo e a cores.
Nenhuma palavra sobre a voracidade da indústria da especulação imobiliária, que "incorpora" áreas ambientalmente frágeis e monopoliza os terrenos mais próximos das áreas onde os mais pobres têm que trabalhar. Ou da criativa destruição ambiental desenvolvida pelo turismo, merecedor costumeiro de elegias por ser o exemplo da "indústria sem chaminés". Por certo não se esperaria alguma elaboração mais profunda desses meios de comunicação sobre como a suposta "falta de educação ambiental" dos mais pobres é produzida, mas a ausência de qualquer referência aos determinantes sociais de sua vulnerabilidade ambiental é quase um escândalo.
Na manhã de ontem, um programa de TV ocupou quase todo o seu tempo com a cobertura da tragédia. Cenas da destruição da região serrana e das enchentes em São Paulo durante toda a manhã. As imagens alternavam dos locais da tragédia para o estúdio, onde uma mesa farta, com pães, sucos e frutas, era o contraponto das cenas nas quais pessoas desesperadas tentavam se salvar ou salvar algo. Em uma dessas cenas, duas senhoras idosas, cabelos brancos, com água até a altura de suas cinturas, banhavam os seus rostos. No estúdio, um médico que, em um primeiro momento pensei tratar-se de um dos BBBs, fazia perorações sobre os riscos de doenças relacionadas ao contato com a água da enchente. Como se, para aquelas senhoras, o contato com a água suja fosse uma opção...
Uma das traduções que a solidariedade provocada pela tragédia poderia expressar seria uma alteração na gramática profunda subjacente à visão que temos de nós mesmos. Dessa forma, talvez, culpássemos menos as vítimas pelas tragédias que tragam a si e aos seus. Nos principais veículos de comunicação do país, ao menos desde ontem, não é isso o que está sendo vocalizado.
Mary Douglas, a antropóloga inglesa que escreveu um exemplar ensaio intitulado "Como as instituições pensam", apontava que os eventos emergenciais não revogam os princípios que baseiam as instituições. Não tomou o Brasil como referente. Poderia tê-lo feito.

Edmilson Lopes Júnior é professor de sociologia na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
http://terramagazine.terra.com.br/interna 16.01.2011 ás 11:21h

Em 5º dia de buscas, número de mortos chega a 630 na Região Serrana do Rio



O número de mortos da tragédia causada pelas chuvas que castigaram a Região Serrana do estado do Rio de Janeiro já chega a 611, segundo o primeiro boletim divulgado neste domingo pela Defesa Civil, no quinto dia das atividades de resgate.
Embora alguns socorristas tenham trabalhado durante toda a madrugada nas cidades de Nova Friburgo e Teresópolis, quase não foram encontrados corpos nas últimas 12 horas.
Segundo a Defesa Civil, as chuvas e, principalmente, os deslizamentos de terra, que soterraram centenas de casas construídas nas encostas, provocaram 274 mortes em Nova Friburgo, 263 em Teresópolis, 55 em Petrópolis e 19 em Sumidouro.
O mesmo boletim indica que pelo menos 6.050 pessoas perderam suas casas (desabrigados) e que outras 7.780 tiveram de abandoná-las temporariamente (desalojados) e se abrigar em ginásios e escolas públicas, evitando assim ficarem em áreas consideradas de risco.
As autoridades não possuem números exatos de desaparecidos, mas uma central montada em Teresópolis registrou denúncias de famílias que buscam 88 pessoas e um posto em Petrópolis elaborou uma lista de outras 36 que não foram localizadas por seus parentes.
Os trabalhos de resgate, que foram reforçados no domingo por 500 membros das Forças Armadas, estão concentrados agora em áreas que se encontravam isoladas e bloqueadas por toneladas de terra, lama e pedras que caíram dos morros.
As autoridades também concentram esforços em restabelecer todos os serviços públicos, pois numerosas áreas continuam sem energia elétrica, água e telefone.
Outra das tarefas prioritárias é a identificação e o enterro das vítimas, algumas em estado avançado de decomposição após cinco dias.
Um juiz de Nova Friburgo determinou o enterro de todos os corpos ainda não reconhecidos depois de serem submetidos aos respectivos procedimentos de identificação. Já as autoridades de Teresópolis preferiram conservá-los em caminhões refrigerados à espera de que apareçam familiares procurando-os.
Após as chuvas registradas no sábado em Nova Friburgo e Teresópolis, que provocaram um deslizamento numa estrada por onde passava o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, os meteorologistas preveem mais águas para a tarde deste domingo.
Segundo o governador, os trabalhos de resgate, dos quais participam cerca de 1.500 bombeiros e 500 militares, contam com o apoio de 30 aeronaves cedidas por organismos estaduais e federais, e que estão sendo usadas para transportar socorristas e feridos e para resgatar pessoas isoladas.
A principal base para os helicópteros operados por militares foi improvisada na Granja Comary, campo de treinamentos da seleção brasileira em Teresópolis.
Diante da tragédia, a presidente Dilma Rousseff decretou três dias de luto nacional. Por sua vez, Cabral decretou sete dias de luto estadual a partir de segunda-feira.
http://noticias.terra.com.br/noticias/ - 16.01.2011 - 11:02